segunda-feira, 28 de abril de 2008

Regras têm que ser iguais no comércio de automóveis no Mercosul, diz economista Ana Luiza Zenker Da Agência Brasil

Regras têm que ser iguais no comércio de automóveis no Mercosul, diz economista Ana Luiza Zenker Da Agência Brasil


Brasília - Desde a década de 1990, o comércio automobilístico entre o Brasil e a Argentina é regulado por acordos que buscam equilibrar o fluxo de veículos entre os dois países até chegar ao livre comércio.No entanto, o prazo para que isso ocorra tem sido adiado a cada renovação do acordo, pois a Argentina teme que suas indústrias do setor sejam prejudicadas com isso.Para o economista argentino Juan Carlos Deheza, as dificuldades decorrem, essencialmente, da disputa por investimentos estrangeiros no setor. “Os dois países têm plataformas automotivas e brigam por investimentos das montadoras”, disse em entrevista à Radiobrás.Ele lembra que o mercado brasileiro de automóveis é maior que o da Argentina - entre quatro e sete vezes maior. “Como a indústria automotiva é uma indústria onde a escala é um elemento significativo, os maiores investimentos vêm para o Brasil”.Para o economista, esse não é o maior problema. Na disputa por investimentos, ele ressalta os incentivos fiscais que os estados brasileiros podem conceder a empresas para que elas instalem fábricas em seu território.“Na Argentina isso não acontece. Eu não estou falando que o sistema argentino seja melhor que o brasileiro, estou falando que as regras do jogo têm que ser únicas”.Deheza explica que os efeitos de uma montadora instalada em um local vão além do montante de investimentos em si. Ele diz que há impactos na criação de empregos, na produção de peças e também no desenvolvimento tecnológico, uma vez que “os carros novos estão cada vez com maiores doses de tecnologia”.“A Argentina não pode se resignar a ser simplesmente um fornecedor de peças para os carros que serão montados no Brasil”, diz.Na avaliação dele, para a integração econômica prevista no Mercosul, essa disputa por investimentos não deveria existir. “Em algum momento tem que ser resolvido, e provavelmente a decisão não seja tanto econômica quanto política, porque se o Mercosul vai funcionar e vai para frente esse tipo de problema tem, necessariamente, que ser resolvido”.O comércio de automóveis entre Brasil e Argentina é regulado desde 1990 pelo Acordo de Complementação Econômica nº 14 (ACE 14), que trata também do comércio de outros produtos, como trigo e produtos alimentícios industrializados.O ACE 14 serviu de referencial para o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul.Desde então, o acordo é regido por acordos adicionais. Como o mercado livre, previsto para 1º de janeiro de 2006, não se confirmou, novos acordos provisórios foram aprovados, até o 35º protocolo adicional, válido até 30 de junho do ano que vem.Particularmente no caso dos automóveis, esses acordos têm o objetivo de equilibrar a balança comercial desses produtos entre os dois países.Entre janeiro e setembro de 2007, por exemplo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil exportou para a Argentina cerca de US$ 1,3 bilhão em carros com capacidade para até seis pessoas e importou cerca de US$ 780 milhões. No mesmo período de 2006, os valores foram, respectivamente, de cerca de US$ 1,03 bilhão e US$ 513 milhões.
fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/10/22/materia.2007-10-22.4240491037/view

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